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O “Vaselina”

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O “Vaselina”

– Deixe comigo chefe, pode deixar que eu resolvo.

Esta frase, sem receio de errar na estatística, já foi ouvida por milhares e milhares de funcionários, quer aposentados como por aqueles que ainda trabalham. O chefe dá as costas e não acontece absolutamente nada e aquela voz de colaboração cai no vazio dos corredores. O mundo corporativo está cheio de figuras com características e personalidade marcantes, que acabam se transformando em símbolos, sobretudo pela sua peculiar imagem emblemática, alegórica; na maioria das ocasiões essas “figuras” servem como referencial do absurdo.

Diferente do funcionário “Puxa-saco” (o famoso baba-ovo) que jamais fala mal do seu chefe, o “Vaselina” não é subserviente e ainda consegue enxergar o lado “otário” das pessoas que o cercam. O “Vaselina” possui uma tremenda habilidade para enganar e convencer os outros com facilidade; geralmente consegue o que quer apenas fazendo uso das palavras. É um político por natureza, age com destacada astúcia, ilude como os mágicos, bom planejador quando o assunto é angariar favores. Opera em todas as camadas funcionais da organização e se impõe pela simpatia, ainda que forçada. A sua identificada sagacidade o coloca “protegido” temporariamente dos avaliadores de eficiência, até porque para fazer juz ao título de “Vaselina” o colaborador precisa mostrar inteligência, e, por regra de atuação, não se exige a ocupação de cargos, basta qualquer um.

Quando trabalhava numa multinacional do ramo de bebidas, pude perceber a existência de alguns “Vaselinas” no quadro da empresa. Por incrível que pareça, o maior deles era Diretor de Marketing, que só vivia distribuindo trabalhos e passava a maior parte do tempo fazendo Lobby junto aos seus pares e presidência do grupo. No dia do seu aniversário comprei uma lata de vaselina, mandei embrulhar para presente e num cartão sem logomarca escrevi: “Produto à base de propanotriol (glicerol); álcool de consistência pastosa, utilizado como lubrificante; formador de ésteres definidos como gorduras. Aproveite para passar na bunda dos outros”. À noite, no jantar de comemoração, ele me puxa pelo braço e tenta me sacanear, porque sabia que eu tinha sido o autor do presente. Só que se esqueceu de que na escola onde ele estudou eu fui expulso por saber demais, de sorte que eu emendei em público: “Meu caro, nesse filme, você é o negão que passou vaselina no bilau para não machucar as Brunas Surfistinhas que existem na empresa, portanto, eu só quis colaborar com o estoque do produto”.

Ficou comprovado que os “Vaselinas” são inofensivos, não fazem mal a ninguém, tampouco à empresa, de tal modo que só querem aparecer, nada mais. Eles costumam ter opinião formada e senso crítico; não agem por instinto. A consciência estabelece duas regras: primeira, adapte as ideias aos interesses momentâneos; segunda, acompanhe as ondas conforme o fluxo das marés.

Nota de rodapé: Bruna Surfistinha. Nome de batismo: Raquel Pacheco. Nasceu na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo, no dia 28 de outubro de 1984. Signo Escorpião. Ex-prostituta e ex-atriz de filmes pornôs. Em 2005 tornou-se famosa pela sua atuação na Internet, produziu roteiros e chegou a atuar num longa-metragem. Raquel Pacheco é escritora, ganhando notoriedade com a publicação da sua autobiografia intitulada “O Doce Veneno do Escorpião – O Diário de uma Garota de Programa”. Além desse livro houve um segundo, “O que aprendi com Bruna Surfistinha” (Best Seller). Ambos foram escritos pelo jornalista Jorge Tarquini, que se baseou nos depoimentos de Raquel Pacheco.

Frase do dia:

“Se você quiser se dar bem, além de outros princípios a seguir, não leve as coisas muito ao pé da letra”.

Augusto Avlis



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